Após a travessia do rio Styx, na barca de um esqueleto com um papel semelhante a Caronte, o herói, e três soldados de Joppa, chegam ao templo no qual habita Medusa. Antes de entrarem no templo são atacados por um cão de guarda de duas cabeças, Dioskilos, que mata um dos soldados. Dentro e fora do templo o espectador é confrontado com as estátuas de pedra de homens que ousaram olhar para Medusa. No confronto do herói com este monstro morrem os dois restantes soldados e Perseu, recordando-se das palavras que lhe tinham sido ditas aquando do recebimento das suas armas de origem divina, usa o escudo como espelho para não olhar para Medusa, e corta-lhe a cabeça aquando da aproximação desta. Antes de chegar regressar Joppa, Perseu e os seus companheiros são atacados por Calibos, que ao aperceber-se do conteúdo da sacola do herói a perfura, deixando cair o sangue no chão que origina três escorpiões que atacam o herói, resultando assim na morte de alguns amigos do herói e, também, nesta luta da morte de Calibos.
Perseu recupera Pégaso, graças à intervenção do mocho que o vai resgatar ao covil de Calibos, e desloca-se para salvar Andrômeda. À beira-mar estão todos a observar a jovem princesa agrilhoada a uma pedra, aguardando a chegada do monstro marinho. Quando este chega aparece Perseu no seu cavalo alado preparado para o enfrentar, mas ambos caem no mar. Nadando para a costa, Perseu exibe a cabeça da Górgona, que lhe tinha sido trazida pelo mocho, ao monstro, transformando-o assim em pedra. Com o fim da ameaça o espectador observa o mundo dos deuses, o Olimpo, onde se reflecte sobre a vitória do herói com Zeus a decidir imortalizar Perseu, Andrômeda, Pégaso e Cassiopeia com a criação de constelações no céu.
Para além do que foi escrito, ainda há um certo número de aspectos do filme que não correspondem ao mito, como: a não referência ao oráculo que informou Acrísio da sua morte às mãos do seu neto, o que o levou a prender a sua filha Dánae numa câmara de bronze para que ela não tivesse filhos (Apolodoro, Biblioteca, Livro II, 4.1). Como Acrisio é morto por Zeus não o vemos no filme a ser morto involuntariamente com um disco por Perseu (Apolodoro, Biblioteca, Livro II, 4.4). Também nada se diz sobre a concepção de Perseu, da artimanha de Zeus ao se transformar em chuva de ouro e passar por uma fenda da câmara (Apolodoro, Biblioteca, Livro II, 4.1; Ovídio, Metamorfoses, Livro IV, 663-705; Píndaro, Ode Pítica, capitulo XII, 17-18). Não há apoio por parte de Atena e de Hermes ao herói, como no mito (Apolodoro, Biblioteca, Livro II, 4.1), o que explica a ausência de sacrifícios em honra de Atena, Hermes e Zeus depois da derrota do monstro marinho (Ovídio, Metamorfoses, Livro IV, 706-752). Não se refere que a cabeça de Medusa foi oferecida a Atena, após a derrota do monstro marinho, e que esta colocou-a no seu escudo, e que antes deste acto Perseu a usou para derrotar rivais na Etiópia e em Sérifo (Píndaro, Ode Pítica, capitulo XII, 17-18; Higino, Fábulas, capitulo LXIV- Andrômeda; Apolodoro, Biblioteca, Livro II, 4.3), pelo contrário, visualiza-se Perseu no filme a arremessar a cabeça para o mar.
Para finalizar esta listagem, tem de se escrever sobre o amor entre Perseu e Andrômeda, que no filme ocorre antes do sacrifício da princesa ao Kraken, com o fim do encantamento, e no mito o primeiro contacto e o despertar da paixão entre ambos é resultado de um acaso da viagem de Perseu de volta a Sérifo.
Para terminar esta análise, do mito e do filme em questão, é necessário ter em conta que os episódios da morte de Medusa e da salvação de Andrômeda são independentes no mito, um não é condição necessária do outro, como no filme, onde são condensados. Além disso, o título do filme fala-nos de Titãs, talvez com o propósito de incentivar o consumo do filme, justificando o uso do termo Titãs como referindo-se a Medusa e ao Kraken.