domingo, 1 de maio de 2011

Um Casamento Real ... Medieval


A muito tempo atrás quando haviam princesas, príncipes e talvez dragões, quando o reino de Portugal tinha um irmão chamado Algarve (coisa pomposa de se dizer e escrever pois nunca foi de facto reino algum, talvez fosse mais uma espécie de despensa, um anexo, um PEV para um PCP), e reinava um bastardo (que para todos efeitos era como não fosse pois ganhou o trono) chamado D. João I, mais conhecido como Mestre de Avis (AH! é verdade, com este refundador o titulo do rei para a ser Rei de Portugal e do Algarve e senhor de “Cepta” – um enclave, o que acaba por ser mais do que anexo). Este senhor depois de um inicio de reinado de, como dizer … já sei  “Bolas, não acredito consegui ser rei!”, e de legitimar o seu poder com a conquista de Ceuta, decide reformar-se. Sim, reformar-se, quem acaba por levar com a pastilha toda é o pobre do D. Duarte (tadinho :( ), que sendo príncipe não o deixavam descansar, tava a almoçar vinham despachos, queria ir a caça vinham despachos, queria dormir la siesta e despachos vinham (primeiro português com uma depressão). Em suma, quem reina, de mandar, governar o país passa a ser o “Eloquente” até a morte do pai, ou seja de 1415 a 1433, tendo depois reinado apenas 5 anos.

O nosso Eduardo não é vampiro mas foi muito soturno (lame !!!!!!!!!!!!!), e casa tarde (37) com D. Isabel, uma aragonesa (princesa? Dragona?), quer dizer ela era tão aragonesa como eu sou traficante de droga colombiano (don´t Google mykitata and Ramon Ortega), isto porque ela era filha de Fernando de Antequera, rei de Aragão escolhido num processo sucessório que levantou muitas dúvidas. 

Mas de donde provém essa criatura? Este senhor era filho de Juan I, o tal que perdeu Aljubarrota, era filho segundo e passa com a morte de seu irmão Henrique III a reger o reino, em conjunto com a mãe do novo rei, que ainda é criança. Nesta nova posição conquista terras aos mouros manda currículo a Aragão e consegue ser escolhido depois de três entrevistas, reina pouco tempo, reino passa pró filho mais velho e de repente a sua numerosa descendência, que também é rica em ambos os lados da fronteira (Castela e Aragão), torna-se uma ameaça na Península Ibérica. Portugal ainda tem um dói dói da guerra contra Castela e faz panelinha com Aragão, e então a moça de 28 anos, irmã de Afonso V de Aragão, vem casar a Portugal.

A principio o casamento estava marcado para Évora, mas teve de ser mudado para Coimbra a pretexto da peste, e mais D. João I não foi ao casamento, D. Duarte ficou magoado (a maioria das pessoas nunca irá perceber a sensibilidade e obsessão do planeamento do infante, muitos hoje em dia chamar-lhe-iam anal retentivo) e a pompa e circunstância para impressionar todos os emissários estrangeiros não foi tão espetacular. 

[1]Uma carta do Infante Dom Henrique descreve o casamento, sabemos então que o local do matrimónio foi o mosteiro de Santa Clara, o qual foi preenchido por panos brocados carmesim, com a construção de uma galeria da entrada até ao coro (onde “repousava” a rainha Santa Isabel), por onde passaria a noiva, preenchido com panos de arras de cor azul e o chão atapetado. A princesa ficaria na sala do cabido, enquanto o príncipe viria para o mosteiro num pequeno cavalo, com uma rica capa presa por uma esmeralda, rodeado pelos seus irmãos, os infantes, e seguindo por fidalgos bem apetrechados em termos modisticos. Chegando ao edifício, juntam-se os noivos (cada um é levado por dois infantes da casa real portuguesa) no coro e fez-se as bênçãos; D. Fernando, Conde Arraiolos, e a sua mulher a ocupam a dignidade de padrinhos, a missa é rezada e não cantada, sendo que o prato (ou cesta … sei lá!?) do ofertório rendeu duzentas dobras (não sei quanto é na altura ou hoje em dia mas pelo que eu li deu a entender pelas autoras que era muito). O casamento foi uma coisa abafada pelos vistos, muita gente, tochas acesas, cansaço, indumentária pesada e uma noiva que desmaiou, mas lá lhe salpicaram água e Leonor acordou. A noite houve festança, a princesa deslocou-se para o local (não perguntem qual que eu não sei) do jantar num pequeno e manso cavalo branco, com possíveis oferendas do agora marido (isto com um complemento adicional de esta deslocação ser nocturna e a princesas e as damas que a acompanhavam estarem ladeadas escudeiros com sessenta tocas). E tudo acabou bem, graças a Deus.
Desculpem a falta de originalidade na pesquisa, uma única fonte, e o facto de não ter dado ao trabalho de fugir muito a discrição presente no texto no qual me baseei.


[1] A partir da aqui é tudo Margarida Garcez Ventura e Julieta Araújo, D.Leonor de Aragão - A Triste Rainha, Vila do Conde, QUIDNOVI, 2011, pp.18-20.

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