sábado, 21 de maio de 2011

Bélgica ou o estado OB.

Há muito tempo atrás numa cristandade preenchida de problemas, surgiu uma de várias reformas no seio da igreja ortodoxa romana, o protestantismo. Martinho Lutero não queria criar a sua “própria” religião, era mais um que professava a mudança da aplicação da doutrina cristã (já Calvino é outra história), mas graças ao aproveitamento político de alguns príncipes germânicos a coisa saiu pró torto, criando-se uma imensidão de tensões e de violência religiosa que definiram o rumo da Europa e do Novo Mundo para sempre (mas isso fica para outra oportunidade).

O espaço geográfico actualmente ocupado pela Bélgica foi durante a Idade Média como que um court de ténis. Passo a explicar, os condados da zona encontravam-se presos geograficamente entre o reino da França e o Império Sacro Romano, a sua vassalagem oscilava conforme as necessidades e forca de um dos poderes. Depois os jogadores com direito a campo gravitacional passaram a ser a França e o Ducado de Borgonha (eterno aliado de Inglaterra), como o Carlos o Temerário não conseguiu criar o reino da Lotaríngia (que atravessaria a Europa desde o Benelux até Marselha), o território passou para o Império (sob a égide dos Habsburgos) e depois para Espanha (dos nossos amados Filipes) bla bla bla são como os cromos da bola sempre a trocar!

Porquê tanto treco inicial sobre a religião? Vem agora, não se apoquentem! Muito bem, revolução francesa, expansionismo napoleónico e religião. Com a derrota do imperador francês, o mapa da Europa é redefinido no Congresso de Viena, e quinze anos mais tarde as tensões religiosas entre os católicos franceses e os protestantes neerlandeses chegaram a um ponto em que (combinados com o receio de uma expansão francófona) os bifes por bem, sempre por bem, decidiram criar um reino TAMPÃO de seu nome Bélgica. Mais uma vez afirmo, por bem a rainha Vitória, que casou com um primo direito (nada de especial), que era prima direita de D. Fernando II, marido de D. Maria II, coloca num reino recentemente estabelecido como tal, um tio seu, um monarca “desempregado” .

Na altura havia muito reis desempregados, por exemplo a Grécia ao tornar-se independente foi buscar um alemão, que depois vai substituir por outro alemão; já a Roménia faz o mesmo, mas este caso é me mais querido porque a mãe do monarca chama-se D. Antónia, filha de D. Maria II – mundo pequeno; a Bulgária também importa da Alemanha; A Noruega encomenda um filho segundo do monarca da Dinamarca quando se separa da Suécia etc … Haaa, é verdade D. Fernando II foi convidado para rei de Espanha e D. Pedro IV, sogro deste foi convidado para rei da Grécia). EM suma, os reis também se vendiam nas mercearias, se ainda tivessem saída há muitos que não o sendo, mas portando-se e parecendo, podiam ser vendidos e ajudar a aliviar, se não mesmo pagar, a dívida de Portugal.

Lá estava então a Bélgica, um país como muita história e cultura e nenhuma história e cultura como entidade política independente. Um percurso aborrecido desde então que se pode resumir neste termos:
  1. Temos rei  - Sim
  2. Ganhamos independência da Holanda – Sim
  3. Metade da população fala francês a outra neerlandês (mais ou menos) – Sim
  4. Metade é católica e a outra protestante (mais ou menos parte dois) –Sim
  5. Os flamengos falam neerlandês com sotaque mas dizem que é um língua diferente – Sim
  6. Os flamengos dizem que tem identidade cultural própria e utilizam esse argumento (juntamente com questões religiosas) para defenderem os seus interesses e fazerem chantagem política com os francófonos – Sim
  7. Tiveram um colónia (actual Republica Democrática do Congo) que lhes deram os primos ingleses porque não tinham nada e choraram – Sim
  8. Nessa colónia trataram os habitantes locais com maior descriminação racial do que no Aparthaid Sul-africano, e o pior é que fincaram esses comportamentos na lei escrita (os afrikaners não foram tão naives) - Sim
  9. A colónia começou por ser um território pessoal do rei, os súbditos é que se chatearam e ele mudou o regime administrativo (e depois o D. Manuel e o D. João III é que eram controladores!) – Sim
  10. O café na Bélgica é mau, a água de lavar pratos é melhor – Sim
  11. O chocolate e as waffles são boas – Sim
  12. Os únicos belgas que todos no mundo ocidental conhecem são personagens de ficção, Hércule Pirot, Tintin e Jean-Claude Van Damme – Sim
  13. Sim, tou a ser uma besta, também conhecemos o extraterrestre do Pfaff, a Henin e a Clijsters e o Maurice Maeterlinck – Sim
E prontos, lá está o Alberto com um problema no colo porque os meninos do norte e do sul não se entendem … ai (suspiro) … viva aos “nacionalismo” e o sentido de oportunidade em todo o mundo ocidental!

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