segunda-feira, 20 de junho de 2011

Média: Comunicação e Omissão

Germaine Greer, académica e autora feminista, querendo chamar a atenção do grande público, para a destruição desta espécie vegetal por parte do melhor amigo do homem, [isto mais por culpa do dito animal bípede e "racional" e ao recurso a passeios por "bosques" (woodlands) onde habita a plantinha em questão] decidiu terminar um discurso em beleza, dizendo uma daquelas frases choque, marcantes que ou suscitam asco ou levam a pessoa a questionar-se sobre o que foi dito (se não, ao menos o porquê da frase-choque), típicas de quem é apologista do "chocar para marcar pontos", do qual eu sinto um fraquinho.

Em suma, ela disse "If you love your bluebells kill your dog". Problema - quase ninguém reproduziu se quer uma parcela do que foi dito pela senhora ou sequer uma ideia geral do que foi discutido, "todos" nos média centraram-se na última frase. Um floreado argumentado mais ornamentado? "Não, a mulher é louca" gritaram uns histericamente ao ler os tabloids, enquanto outros sussurram aos colegas, com tom jocoso, no local de trabalho, enquanto fingiam laborar com o chefe distraído com a esbelta e esguia figura da secretária do Sr engenheiro, aquele do terceiro piso, que entornou o café, prepositadamente, no atraente (mas gay, sem que muitos o saibam) rapaz dos cafés, que mantém uma relação estável com um quarentão casado com três filhos, que até gosta de animais e que se preocupa minimamente com o ambiente para tentar alterar o roteiro de passeio do cão (soa mal não soa?) quando acha esquisito que dos primeiros 43 resultados do google todos digam o mesmo e pouco ou nada se saiba sobre o contexto do dinamite verbal da "senhora-que-não-gosta-de-cães". Como tal, o Senhor do armário decide pesquisar um pouco mais e descobre que afinal o facto descrito não entra para a contabilidade estatística dos acontecimentos que necessariamente precediam a segunda vinda de Cristo, podendo voltar a sua vida o mais normal possível.

"If it bleads, it leads", se é referente a sangue, sexo, tragédia (de qualquer tipo) ou seja chocante, salta da trincheira das not-icias  para a terra de ninguém e ali falece sem que ninguém se lembre sobre o que era ... é mais uma vitima da omissão jornalística.

"Don't question authority -Question everything (...) Don't just question authority -Don't forget to question me" Jello Biafra

Sem comentários:

Enviar um comentário