Vataça terá chegado a Portugal no ano de 1288 no séquito da rainha Santa Isabel. Ficará encarregue da educação de D. Constança, filha do rei português e viajará com a infanta aquando do casamento desta com D. Fernando IV, matrimónio usado para selar o tratado de Alcanizes. De 1302-1313, Vataça viverá na corte castelhana como camareira-mor da rainha até à morte desta.
É antes e durante este período que D. Vataça desenvolve a sua acção diplomática. É através dela que a Rainha Isabel e D. Dinis interferiram na política peninsular, ajudado a resolver diferendos relativos as disputas entre os reinos de Castela e Aragão sobre os territórios conquistados aos mouros, e os conflitos pela regência de Castela durante a menoridade de Fernando IV com os LaCerdas, e a própria legitimidade deste monarca.
Em várias cartas enviadas por D. Isabel a Jaime III o nome de Dona Vataça é referido, sendo que as intervenções da dama bizantina serviram para notificar os monarcas portugueses da conturbada realidade castelhana e influenciar Dona Constança, então rainha deste reino, para a tomada de posições proveitosas para portugueses e aragoneses.
Além destes documentos, existe garantidamente uma missiva de D. Vataça a Jaime II, de Aragão, “informando sobre os empreendimentos da política castelhana e o deslocamento de D. Constança até a fronteira de Portugal para realizar uma entrevista como D. Dinis: “Fago vos saber que la reyna salio de Toro martes XX dias de febrero, e vasse ver con el rey su padre et si Dios quisies sera con el el martes seis de sete mes de março...”.(1)
(1)José Carlos Gimenez ,O Papel Político da Rainha Isabel de Portugal na Penísula Ibérica 1280-1336, Curitiba , 2005, p.127.
Esta princesa Bizantina é tida pelos seus contemporâneos como uma “grande dama de corte, dotada de uma inteligência invulgar e de consistentes aptidões diplomáticas utilizadas no apaziguamento dos estados, que pelos seus serviços os reis a rodearam de mercês”(2).
Entre esta mercês contam-se a comenda de Santiago do Cacém (a vila e o castelo) [1310-1336], e a comenda de Panoias [1314-1336]. A aquisição destas comendas por parte de Vataça não pode ser analisada sem se ter em conta o jogo político de D. Dinis e a “nacionalização” da ordem de Santiago em Portugal.
No entanto, após a sua morte, ambas as comendas regressaram de novo à tutela da Ordem de Santiago.
Desde o seu regresso a Portugal, Vataça Lascaris viverá em Santiago do Cacém até 1325, data na qual irá viver para Coimbra, próximo da sua senhora a rainha Santa Isabel.
(2) Joel Silva Ferreira Mata, “Alguns Aspectos da Ordem de Santiago no tempo de D.Dinis”, in As Ordens Militares em Portugal: Actas do 1º Encontro sobre Ordens Militares, Palmela, Câmara Municipal de Palmela, 1991, p.210.
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