segunda-feira, 25 de abril de 2011

Augustus (Parte I)


As Primeiras Conquistas

Desde 1181, acerbou-se o conflito com os barões, liderados por Filipe da Alsácia, que se aliou a um rival de Filipe II, o Imperador Frederico Barbaruiva e a Hugo III, Duque da Borgonha. O monarca francês, perante este episódio, tentou repudiar Isabel Hainaut, declarando-a incapaz de conceber filhos. O conflito resolve-se a favor de Filipe Augusto quando este quebrou a aliança de Filipe da Alsácia com Godofredo III da Lovaina, Duque de Brabante. Em Julho de 1185, o tratado de Boves confirmou a posse do rei de Amiens e a aquisição dos senhorios de Artois, Valois e uma grande parte de Vermandois, todos territórios anteriormente na posse do Conde da Flandres. Filipe é, a partir deste momento, pelo aumento de extensão e enriquecimento do reino, conhecido pelo cognome de Augusto[1], à semelhança dos Imperadores romanos.

Na década de oitenta, os territórios sob alçada do monarca inglês sofrem uma grande instabilidade política. Este confronta-se com um crise de sucessão, com a rebeldia dos seus filhos, que anseiam chegar ao poder nos senhorios que lhes foram atribuídos. Nesta contenda vem a falecer o príncipe herdeiro, Henrique o Jovem, deixando Margarida, irmã de Filipe II, viúva. Esta conjuntura facilita a exigência por parte deste monarca da devolução do dote de casamento da irmã, os territórios de Gisors e Vexin.
Em 1187 Filipe aproveita os conflitos familiares de Henrique II e toma Issoudun e Châteauroux, tendo como aliado o Imperador Romano, Frederico Barbaruiva.

Henrique II continua administrar dos seus territórios, mas na Aquitânia os barões apoiam Ricardo, que tem como aliado Filipe Augusto. Assim, Ricardo torna-se Duque da Aquitânia e senhor de Poitiers, declarando-se vassalo de Filipe nas terras da Normandia, Anjou, Maine, Poitou e Languedoc.
Antes da morte do Plantageneta, a seis de Julho de 1189, este tenta destabilizar os feudos do seu herdeiro ao trono, Ricardo. Filipe aproveita os percalços do inimigo para recuperar as terras de Anjou, Maine, Tourraine, Issoudun, Garçey e Berry, através do tratado de Azay-le-Rideau, celebrado com Ricardo Coração de Leão, já como monarca.


A Segunda Cruzada

Ainda em 1189, o papa Gregório VIII proclamou a Terceira Cruzada, após a tomada de Jerusalém por Saladino em 1187. A paz entre o reino de Inglaterra e de França foi estabelecida antes da partida dos seus monarcas para a cruzada, através da intervenção do Cardeal Albano. Em Junho de 1190 os dois reis juntam esforços fazendo um mútuo juramento de amizade em Vezelay e partindo juntos, aguardando vários meses em Messina, na Sicília. A estes monarcas juntaram-se no esforço de cruzada a maioria dos grandes senhores da França e o Imperador Frederico Barbaruiva.
A ida dos três mais importantes monarcas europeus do período, teve como objectivo garantir a dedicação total de cada um à cruzada, seguindo-se assim uma lógica de vigilância mútua que evitou a concretização dos seus intentos expansionistas.

Antes de partir como peregrino armado, o rei francês deixa um testamento político no qual proíbe a rainha-mãe e o arcebispo Guilherme de reunir o conselho real, excepto por morte, rapto ou traição ao rei; o selo e do tesouro real ficam a cargo dos templários; o espaço urbano era administrado por quatro homens eleitos, sendo a excepção Paris que era administrada por seis; foram escolhidos conselheiros (Frei Bernardo, o jurista Pierre de Marchar, o capelão Adão Guilherme de Garlande e o cavaleiro Hormis) que tinham o poder de aumentar os impostos no regresso ou na morte do rei, podendo também governar até maioridade do príncipe herdeiro, o futuro Luís VIII.
Este documento demonstra o progresso do poder do monarca e a tomada de consciência do seu papel como rei.

A acção de Filipe na Terra Santa cingiu-se ao cerco a São João de Acre e aos conflitos gerados com Ricardo I de Inglaterra. O monarca francês retira-se da cruzada justificando-se perante o Papa com a urgência na resolução da sucessão flamenga. O condado da Flandres acaba por ser atribuído a Balduíno V de Hainaut, em troca de uma grande soma de dinheiro e dos territórios de Péronne e Artois, em nome do seu filho Luís, como herança da falecida rainha Isabel de Hainaut.


[1] Este cognome Augusto pode também advir do mês de Agosto, mês do seu nascimento.

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