quarta-feira, 18 de julho de 2012

Definição e hierarquização de poderes na Baixa Idade Média - Glossário de Cargos (Parte II)


Camareira é uma dama do paço que serve na câmara da rainha, sendo uma das poucas pessoas que tem aceso a vertente mais privada da rainha[1].

Casa do Desembargo do Paço era o tribunal de terceira e última instância, cujas atribuições eram semelhantes às do actual Supremo Tribunal de Justiça. Os desembargadores eram os seus juízes[2].

Cavaleiro era um homem que servia na guerra montado a cavalo, podendo este não ser seu. Podiam fazer parte de ordens religiosas militares[3].

Chanceler era o magistrado maior que detinha o uso do selo da cidade ou de uma pessoa para as cartas, alvarás e outros documentos feitos por ordem da entidade à qual servia. O Chanceler-mor detém o selo real[4]

Comendador é aquele que tem uma comenda ou um benefício[5]

Condestável era o comandante-chefe do exército de um reino[6].

Corregedor era um funcionário régio importante que fiscalizava a justiça na administração do concelho, julgando conflitos em que estivessem envolvidos privilegiados e supervisionando eleições na vereação[7].

Cortes era a assembleia que tratava de problemas políticos, económicos (como a quebra da moeda, os impostos e os subsídios) e legislativos. Estavam representados o povo, pelos procuradores das cidades e vilas, a nobreza e o clero, sendo que todos através deste órgão propunham ao rei as leis que julgavam úteis ao reino. Estas reuniões eram convocadas, orientadas e, em termos práticos, decididas pelo soberano[8].

Criado era um homem pago para fazer serviço numa casa ou num estabelecimento. Pode também ser um servo, ou um mancebo que recebia educação em uma casa nobre, a cuja obediência se conservara[9].

Coudéis eram os indivíduos que lideravam a cavalaria-vilã[10].

Embaixador era o título mais elevado de um representante diplomático de um soberano junto de outro soberano. Tem um objectivo e um tempo delimitado para exercer as suas funções, não sendo deste modo um cargo permanente[11].

Escrivão era o oficial público encarregado de escrever os documentos legais, autos, actos e mais termos dos processos, assim como arquivar documentos para a entidade para a qual trabalha[12].

Homens-bons eram o grupo que dominava a vida dos concelhos, ocupando entre eles, e os seus protegidos, os cargos mais importantes desta estrutura. Na sua composição entravam os proprietários rurais, a cavalaria-vilã, escudeiros e alguns mesteirais com peso económico, como mercadores[13].


[1] Cf. Idem, ibidem, p.430.
[2] Cf. Idem, ibidem, pp.757-758.
[3] Cf. Idem, ibidem, p.495.
[4] Cf. Idem, ibidem, p.519.
[5] Cf. Idem, ibidem, p.583.
[6] Cf. Idem, ibidem, p.97.
[7] Cf. Sérgio Luís Carvalho, Cidades Medievais Portuguesas – Uma introdução ao seu estudo, Lisboa, Livros, Horizonte, 1989, pp.99-100.
[8] Cf. Alberto Martins de Carvalho, Dicionário da História de Portugal. Dirigido por Joel Serrão, Vol. I A - D, Lisboa, Iniciativas Editoriais, 1963, pp.711-715.
[9] Cf. António de Morais, ob.cit, Vol. I, p.672.
[10] Cf. Idem, ibidem, p.93.
[11] Cf. Idem, ibidem, p.861.
[12] Cf. Idem, ibidem, p.953.
[13] Cf. Idem, ibidem, p.93.

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