quinta-feira, 29 de julho de 2010

Mudasti?

Para quem não me conhecem, o que espero que sejam quase todos que possam ler este blog (se é que alguém o faz!?) eu sempre tive a tendência de adorar (e escrevo isto sem exagero) a publicidade que vinha entre programas televisivos, quando ainda havia a Arca de Nóe, em que a figura "vampiresca" (muito na moda agora, mais do que durante a "passada imperial" do sucesso comercial das obras de Anne Rice) do Conde de Contar  nos ensinava a contar morcegos na Rua Sésamo, em que a boneca Emília me deliciava no Sitio do Picapau Amarelo, e ninguém poderia pensar em conjugar na mesma frase a palavra pedófilia e Carlos Cruz ... outros tempos (até me sinto e soou como uma espécie de saudosista do Estado Novo), mas a verdade é que divertia-me, na maioria das vezes, mais com os anúncios do que com os programas que estes antecediam e precediam.

Agora já não podemos vislubrar o coelhinho da páscoa e o pai natal e a célebre ida de comboio ao circo, agora é tudo mais previsivel, aborrecido, sem grande impacto na memoria colectiva, mas aparentemente com mais efeitos sórdidos (lê-a-se, apelo a uma apetencia para o consumo a nível incosciente) sobre o consumo. Temos anúncios de pensos higiénicos em que aparentemente tudo que se vê ou é divertido ou sexy, com uma imagética muito "floreada" e sem conteúdo discernivel para a população masculina (faz me lembrar da anedota da figurante à procura de trabalho numa séria televisiva portuguesa, que durante uma entrevista recebe o seguinte comentário por parte do entrevistador, que devora o seu curriculo com ar esgaziado "Muito bem, já vi que trabalhou para a ******, foi a gota de sangue nº 5, impresionante!"); anúncios em que a estrela do momento - apresentador de televisão ou "rei da bola" - faz patrocinio à bebida refrescante e à bendita da cerveja, sem que se diga nada de jeito/cativante sobre o produto, é mais uma espécie de photoshot, sorrisos e frase de marca, e isto aplica-se a bancos, carros, super e hipermercados (com adaptações adequadas aos casos, não deixando em qualquer dos casos de se entregar um produto coxo,  desisnteressante dentro da velha lógica da "chiclete, mastiga deita fora"). I AM BORED.

E as poucas apresentações publicitárias que me chamam a atenção são as piores, as que tentam ser sérias e que são tão más que até chateia; a bela da dobragem do castelhano nos detergentes e lixivias, em que os sons não correspopndem às cadências dos músculos da boca; a fantástica dos euros por ouros (telefone a gente manda um sujeito que você nunca vi na sua vida, e depois coloca as suas joias dentro de um saco, mais tarde dá-mos lhe o dinheiro em troca :P - Será que há muitos inocentes assim neste país? Nem quero saber!), e também (só mais esta para não me alongar mais) a idiota da rã a quem chamam sapo que agora abana o pacote - aparece-me à frente e vais ver o que te faço ao pacote e a pen da internet (a culpa é dos grandes tradutores dos Marretas em Portugal, Kermit the Frog=Sapo Cocas ?_? Dumb Arses!). E sim o anúncio da Lipton Ice Tea com uma dança "hipnótica" com um conhecido actor australiano é estúpida mas deixa-me pedrado - tá mesmo bem feito, caramba!.

De qualquer modo, agora faz-se publicidade onde se pede a interação das pessoas para assinarem uma petição para incluir uma palavra no dicionário !!?? Que a língua está sempre em construção tudo bem, é um dado mais do que estabelecido, que o verbo tar substitua o estar não dúvido, que outros ditos de origem extra rectângulo europeu se tenham entranhado entre novos e graúdos okidoki, agora "depois de vos massacrarmos durante anos com campanhas extra-bestiais (de besta/ anormal) com a palavra-chave-mudastivamos levantar mais poeira e apelarmos aos jovens e adultos que tem demasiado tempo nas mãos, ou vicio em acesso a meios como a internet, a carregarem num link e participarem sem sequer pensar só porque é giro e o amigo virtual (que é capaz de morar a menos de 100 metros de ti, mas como sai de casa ainda menos do que eu) mando-te o link por mail/ messenger ou falou sobre isso durante uma pêga virtual num rpg online ou quake wars, ou whatever young people do via net.
Sim argumentos fortes com: "Rapidamente os portugueses se apoderaram da palavra, (...) palavra curta e facilmente memorável, que se tornou um incentivo para abandonar um passado pouco memorável e agarrar um futuro digno dos sonhos de cada um" - se isto não é para jovens a fumar charros não sei para quem é? e
"Hoje, são imensas as palavras insignificantes, com sentidos imperceptíveis, como “opidano”,“ingresia” ou “exaurir” que se mantêm presentes nos dicionários da Língua Portuguesa.Ao mesmo tempo, encontramos nos mesmos dicionários palavras que há muito gostaríamos de ter deixado de utilizar como “crise”, “imposto”, “desemprego” ou “pobreza”. Exigimos justiça. (...) É um imperativo moral e linguístico" - pois sim, há muitas palavras que nunca usaste que se mantém no dicionário, mas também, caro autor deste texto, a tua ideia de expressão verbal deve se basear mais em repetição cadente de palavras e expressões empregues por um aluno do 9º ano que nunca leu o Principezinho, quanto mais um livro da colecção d´Uma Aventura, por isso amanha-te bacano/a/os/as, que só porque não conheces e não gostas não vai sair do dicionário, só faltava esta, ainda ficavamos como estes dois  http://www.youtube.com/watch?v=JSE52DgVCYY&feature=related  http://www.youtube.com/watch?v=F4qxAw3lD9w&feature=PlayList&p=08D875D40F4C3A90&playnext=1&index=14 

ou pior reduzidos a meros grunhidos comunicativos, acompanhados por murros em mesas e paredes, e bateres de pé nos soalhos; Justiça? em quê? numa campanha publicitária que chata foi, mas alguém ouvi a palavra mudasti a ser empregue em mais do que uma conversa por semana na baixa pombalina? imperativo?
lindo exemplo de palavra que acham que não se usa e que não conheciam ... Vão-se mas é catar, deixam com que o acordo ortográfico, berrante, condicionalista e inrealista face à realidade portuguesa và avante e querem que uma coisa saida de uma sala com 10 publicitários fechados à chave durante 48 horas se torne uma palavra à sério? Façam uso das vossa "boas influências" (é risivel não é?) e criem um abaixo-assinado para se criar um português que sirva de ponte a todas as variantes globais, um português formal, universal, em que as diferenças "regionais" se mantenham e sejam respeitadas, mas que torne mais fácil a aprendizagem a estrangeiros.
Tenho dito


Fonte: http://www.mudastinodicionario.com/


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